Overdose de jazz

jazz

Acho engraçado a história do jazz, “engraçado” não sei bem se é a palavra que estou procurando, mas parece uma comédia da vida,  porque antigamente, quando tudo começou, o jazz era visto como “música de preto”, coisa de pobre, música popular, do povão. Quem gostava eram pessoas sem cultura, que não iam a concertos de óperas, não sabiam o que era música refinada e não tinham idéia do que era música de verdade – isso era o que a alta classe social achava do jazz, seus músicos, apreciadores e todos demais envolvidos.

Então eu páro para pensar e hoje em dia se você ouve jazz, as pessoas provavelmente irão dizer que você é rico, tem cultura (ou tem fácil acesso a ela), sabe apreciar boa música, curte uma música mais refinada, sabe que é música de verdade e até podem dizer que você é uma pessoa culta.

Não é engraçado como o jazz se tornou algo tão grandioso? Eu acho maravilhoso dizer que hoje em dia o jazz é música fina. E claro, que discordo do pensamento arcaico daquelas pessoas de elite que achavam que isso não é música, que os músicos eram macacos tentando aprender um instrumento! Imagino o que essas pessoas pensariam agora…

Eu confesso que sou uma grande apreciadora do jazz, aliás de muitos tipos de jazz, pois como todo ritmo musical, há os mais românticos, os mais dançantes e os mais tristes, então acho que há jazz para toda hora. Presente do meu pai – por causa dele ouço desde sempre! E mesmo assim acho que conheço pouco. A cada dia vou conhecendo um pouco mais desse universo de improvisação e criatividade.

Ao clicar em um instrumento você descobre os artistas de jazz que o tocam

Ao clicar em um instrumento você descobre os artistas de jazz que o tocam

Saiu na semana passada no caderno de informática da Folha, um site de um club de jazz muito bacana, em que você pode conhecer vários grupos e ouvir sets de jazz com direito a uma, duas ou até mais horas de música sem interrupção, já que se ouve as gravações dos shows tocados ao vivo nesse club nova iorquino. O jeito de se fazer isso é bem interessante, há vários instrumentos desenhados que ao passar o mouse, você descobre (ou aprende) o nome daquele instrumento (em inglês) e quando clica nele, aparece uma lista de artistas de jazz que tocam esse instrumento. A lista é grande e ao clicar em um deles, você é levado a biografia do artista e onde se pode ouvir o set musical.

Li no site um pouco sobre o club, que chama Smalls Jazz Club, e dá para perceber que a idéia é de ser um club mais intimista, pequeno e que não custa muito para entrar (20 dólares), além de os shows começarem cedo, à tarde, e terminarem no começo da madrugada (no esquema after hours). O club foi criado em 1993 por uma enfermeira formada, um empresário e o filho de um dono de uma galeria. Além disso, uma curiosidade é que após o atentado de 11 de setembro, ele teve que ser fechado, e só voltou com força total em 2007. Um dos nomes conhecidos que já passaram por lá é  a Norah Jones. E uma coisa bem legal é que no site dá para ver o está acontecendo ao vivo! Tive a sorte de ver o começo de um show e achei muito bom!

Um programa que eu gosto muito de ouvir na Rádio Eldorado, é o Sala dos Professores, com o Daniel Daibem, os 20 minutinhos são bem explorados pelo professor, sempre com músicas que formam sessões muito boas. Acho bem legal o jeito que o Daniel conduz o programa, nos levando a prestar mais atenção na música sem precisar ser um grande conhecedor. No prograama rola além de muito jazz, também música brasileira num clima muito interessante. Se quiser ouvir, sintoniza aí na 92,9 (em São Paulo) todo dia às 19h00 ou ouça o programa pela internet através do site Território Eldorado. Outro programa que rola na Eldorado muito bom é o dos mestres Paulo Mai e Márcio Tabahc do Jazz Masters, que também dá para ouvir todos os programas no site. Aliás gosto muito da Rádio Eldorado, pois sempre rola música muito boas, incluisve no Território Eldorado mesmo tem muita coisa bacana também, vale explorar!

E a overdose continua… BourbonComeça amanhã, 15 de agosto, o que eu acredito ser um dos melhores eventos de jazz de São Paulo: O Bourbon Street Fest! Que além de trazer os melhores músicos e big bands de jazz, também nos traz todo o espírito e energia de New Orleans, uma das cidades americanas em que o jazz surgiu e explodiu, tendo como inspiração de lá o grandioso evento Jazz & Heritage Fetsival. O festival foi criado pelo conhecido clube de jazz paulistano, Bourbon Street Music Club (que inclusive hospeda de vez em quando o programa Sala dos Professores, que eu disse anteriormente, com shows em edições especiais) e teve sua primeira edição em 2003, quando o clube completou 10 anos, deu tão certo que eles foram repetindo a dose até chegar agora na sua 7ª edição.

Serão ao todo 16 shows que não se limitam apenas ao espaço do clube ao apresentar shows durante a semana com preços variávis, mas se expande para a rua, ao ar livre e de graça. Primeiro no Parque do Ibirapuera, abrindo o festival no sábado, onde irá rolar uma tarde e um começo da noite muito agradável e depois, fechando o último dia do festival, domingo 23 de agosto, em uma grande festa na Rua dos Chanés em Moema, a própria rua em que o clube se localiza. Tente ir ao menos um dia ao festival para apreciar essa preciosa música e não vale dizer que não tem grana, a proposta é que todos, independente de quem seja, possam ouvir um bom som!

Movimento ElefantesE ainda nesse mês de agosto haverão vários shows do Movimento Elefantes, um projeto que conheci recentemennte pela minha amiga Maíra, que sempre está comentando aqui. O Elefantes é um coletivo de peso de Big Bands de São Paulo integrado por nove bandas de sopro: Banda Urbana, Projeto Coisa Fina, Projeto Meretrio2 (a banda mais nova com 3 anos), Big da Santa, Reteté Big Band, Grupo Comboio, Soundscape, Heart Breakers (essa eu já ouvi, tem uma levada boa de música latina) e Banda Jazzco (a mais velha com 34 anos). Um bando de gente (imagina que cada uma dessas bandas tem no mínimo uns 10 integrantes) que resolveu se juntar para ter mais força diante o público, sabendo-se que o meio da música instrumental é difícil, sabe aquele velho ditado? A união faz a força! Toda essa idéia veio de uma viagem em janeiro do baixista Vinicius Pereira, integrante do Projeto Coisa Fina e criador do movimento, que conheceu em Carascas, Venezuela, a Movida Acústica Urbana, uma iniciativa de seis grupos que o motivaram pela sua popularidade.

As bandas de Elefantes, que já pretendem lançar um DVD, têm uma formação instrumental parecida em que usam saxofones, trompetes, trombones, baixo, trompetes, guitarra, piano e bateria, mas apesar disso cada uma têm repertórios próprios, com músicas autorais e interpretações de compositores brasileiros, latinos e de jazz, então não há concorrência entre eles, pois trabalham de maneira colaborativa, além disso, estão com mais shows sem longos períodos sem tocar. O mais interessante é que nos shows que estão acontecendo no Teatro da Vila (na Vila Madalena), com apresentações de duas bandas todas às segundas de agosto, terão o valor do ingresso à critério do público, que pode contribuir com que achar justo. Além do Teatro da Vila, às terças os shows acontecem no BarB (na República) com valor de ingresso bem acessível de 5 reais. Para saber a programação das bandas veja o site do Movimento Elefantes.

E se você tá afim de também saber um pouco mais sobre o jazz e sua história acessem o Ejazz e no allmusic (em inglês) dá para conhecer a história através dos discos e conhecer os variados tipos de jazz.

Ejazz Allmusic

Depois de tanto falar sobre jazz, não poderia terminar o post sem mostrar ao menos uma música, então deixo vocês com uma grande relação de vários vídeos de boas energias jazzistíscas: timbres fenomenais, melodias agradáveis, vozes incríveis, sopros encantadores, todos adjetivos grandiosos possíveis e claro acompanhados de grandes artistas clássicos e contemporâneos de todo tipo de jazz, e também, de alguns que tem o jazz como inflência no seu trabalho. Além de também separar um vídeo-documentário do célebre álbum Kind of Blue de Miles Davis, que esse ano completou 50 anos, e um vídeo com uma das músicas do álbum.

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